Estímulo

Crianças desmistificam a arte circense em cima do palco

Estudantes da Zona Norte participaram de oficinas de malabares e equilibrismo recebem certificado na noite deste sábado

Jô Folha DP - Halley Almeida quer manter a tradição do circo também compartilhando o conhecimento sobre a sua arte

Formar plateia não se dá somente com a distribuição de ingressos, mas com o estímulo ao conhecimento e ao respeito àquela arte. Esses foram os objetivos das oficinas de malabares e equilibrismo que o Hayllander Circo ofereceu, durante dois dias, a estudantes com idades entre 10 a 15 anos, de baixa renda, moradores na região das Três Vendas, onde a estrutura está montada. No espetáculo da noite deste sábado os participantes receberão, no picadeiro, os certificados.

A ação está sendo realizada a partir de parceria entre a artista Patrícia Sacchet, que está à frente da Companhia Ondina e Tufoni Cultura e Arte e do Teatro Hebraica, de Porto Alegre, o proprietário do circo, Halley Almeida, quem ministra as oficinas, e a mulher dele a artista Inês Marcolan. O projeto está sendo realizado com recursos do Fundo Estadual de Apoio à Cultura (FAC), das Artes de Espetáculo (Sedac/RS).

Patrícia conta que se aproximou do Hayllander Circo, de Santa Catarina, durante a pandemia, quando eles estavam em itinerância no Estado. "Eu estava na Associação de Circo do Rio Grande Sul e fiz contato com muitos circos itinerantes durante a pandemia, porque eles estavam nas cidades e precisavam ser acolhidos", fala ao lembrar do trabalho de mediação que a entidade fazia, entre os circos, que ficaram em dificuldades naquele período, e as prefeituras.

fDa amizade entre Patrícia e a família Almeida surgiram dois projetos, o primeiro, pela Funarte, teve o objetivo de reequipar o circo. O segundo, através do FAC Artes de Espetáculo, foi em busca de promover oficinas de formação de plateia em cidades que o Hayllander está. "A ideia é fazer ações sociais, encontrando o RS Seguro, em bairros que normalmente têm maior índice de violência, um pouco mais de vulnerabilidade social e direcionar para essas pessoas a possibilidade das crianças fazerem oficinas, mas também criar uma dinâmica de empoderamento por meio dos certificados", conta Patrícia.

Antes do início das oficinas os participantes fizeram uma visita ao circo e descobriram o que é necessário para que essa estrutura chegue a cada cidade. "Eu pergunto: Sabe o que tem na casa do artista? O que tem na tua casa? Aí eu brinco com eles, precisa de wi-fi, tem que instalar a luz e água. É uma estrutura muito grande e são necessárias ainda muitas políticas públicas para facilitar."

Mantendo o legado

Em Pelotas, nove crianças fizeram as oficinas, na terça e na quinta-feira. Além de receberem certificados elas vão poder levar suas famílias, num dia de espetáculo, que neste caso é sábado. No picadeiro eles também terão a oportunidade de mostrar um pouco do que fizeram durante as oficinas.

"A ideia é que as crianças tenham uma outra visão sobre o que é o circo, uma arte que antigamente era muito fechada, então as pessoas têm uma visão meio distorcida do que realmente é o circo, além de aproveitar, curtir, passar uma tarde com a gente e fazer eles se desenvolverem junto com nós", fala Almeida, ele mesmo nascido na caravana que o pai dele liderava.

O pai de Almeida, Anderson Almeida, foi referência internacional no malabares, na década de 1980. Ao manter vivo o legado da família, Halley Almeida montou o seu próprio circo, que hoje circula com quatro famílias e 12 artistas. "É um espetáculo tradicional de circo e é praticamente uma família mesmo. São primos, tios, apenas uma família é de fora, o resto todos têm algum parentesco", conta Almeida.

Segundo o artista, manter a empresa chamada circo é complicado. "Mas ainda é uma arte livre, pura, ingênua como o coração de uma criança. Aqui a gente ensina que com perseverança e ensaios você consegue realizar." No início de janeiro o circo vai realizar a mesma oficina em Rio Grande.

Novas experiências

Acompanhando os três filhos nas oficinas de quinta-feira, Alexandre Matos, pai de três participantes, os pequenos Uriel, Alexandra, ambos de 9 anos, e Davi, 8, assistiu a todo a oficina da plateia do circo. A família, que mora no residencial Eldorado, foi assistir ao espetáculo, quando o trio foi convidado a integrar a atividade. "Eles gostaram se interessaram em participar da oficina", conta Matos.

O pai das crianças apoiou o interesse deles porque vê em atividades como essa uma oportunidade para os filhos interagirem com outras crianças, além de ser uma forma de entretenimento e aprendizado saudáveis. É uma forma até de motivá-los até em questões como a coordenação motora. Outros circos deveriam fazer o mesmo", comenta.

"Gostei muito, achei bem legal", disse Alexandra Matos, 9, cansada, mas motivada após o fim da oficina. A estudante achou difícil fazer malabarismos com duas bolinhas, mas afirmou que iria treinar em casa para mostrar as novas habilidades neste sábado.



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